Psiquiatria e Sociedade

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Cuidado com cantada de corintiano

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Se você receber uma cantada de um corintiano (ou corintiana) nos próximos dias, cuidado. Isso pode ser um bom ou um mau sinal.

Depois que terminar o jogo do Corinthians contra o Flamengo pela Libertadores pode-se esperar um impacto significativo na nação alvinegra. Como já foi demonstrado durante a final da Copa dos Estados Unidos, quando o nível de testosterona dos brasileiros subiu enquanto o dos italianos caiu após o Brasil bater a Itália nos pênaltis, os torcedores sofrem influências hormonais intensas dependendo da performance de seus times.

Um dos estudos mais interessantes sobre o tema foi feito há alguns anos (I), comparando o efeito do resultado de jogos de basquete sobre os torcedores. Cento e cinquenta e sete estudantes fãs de um time universitário, entre homens e mulheres, foram convidados a assistir a um jogo da temporada. Após a partida, tinham que estimar não só qual seria a performance futura do time no campeonato, como também qual seria sua própria performance em determinadas tarefas. Como esperado, quando o time ganhava as pessoas tendiam a superestimar suas chances no campeonato, e quando perdia, dava-se o contrário.

O pitoresco se deu na estimativa de habilidades sociais: eram apresentados aos indivíduos doze fotos de pessoas do sexo oposto, quatro muito atraentes, quatro na média e quatro pouco atraentes, e perguntava-se aos torcedores: “O que esta pessoa responderia se você a chamasse para sair?” As alternativas eram: (a) Você deve estar de brincadeira; (b) Sinto muito, mas tenho trabalho a fazer; (c) Claro, porque não?; ou (d) Eu adoraria. Os resultados foram uma surpresa, porque aqueles que tinham visto seu time ganhar superestimavam as chances de se darem bem com o sexo oposto, mas apenas com as pessoas mais atraentes. Comparando os fãs que testemunharam a vitória ou a derrota, os que viram o time perder achavam que tinham menos chance com as pessoas mais bonitas, mas sentiam que tinham maiores possibilidades do que os outros de conseguir um encontro com as pessoas menos atraentes.

Por isso, cuidado. Se alguém que torce pelo Corinthians te convidar para sair amanhã, pode ser um sinal que não te acha lá essas coisas, mas pode também ser um grande elogio. Tudo depende do placar.

ResearchBlogging.org Hirt, E., Zillmann, D., Erickson, G., & Kennedy, C. (1992). Costs and benefits of allegiance: Changes in fans’ self-ascribed competencies after team victory versus defeat. Journal of Personality and Social Psychology, 63 (5), 724-738 DOI: 10.1037/0022-3514.63.5.724

Written by Daniel M Barros

05/05/2010 às 12:42 PM

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5 Respostas

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  1. Onde vc acha esses artigos? Pitoresco e hilário!

    Léo Sauaia

    05/05/2010 at 11:18 PM

  2. Dani,

    Eu DUVIDO q tenha um só corinthiano com capacidade para cantar alguém hoje, se ele bonito ou não…

    Karina

    06/05/2010 at 5:39 PM

  3. Forçou a amizade… Pesquisas dignas do Ignóbil.

    Leandro Gavinier

    06/05/2010 at 11:25 PM

  4. Imagino então aqui em Minas, depois da eliminação do Atlético, que já mudou a cor da camisa para rosa.

    Leonardo Savassi

    07/05/2010 at 3:09 AM

  5. Creio que a solução do ‘mistério’ se dê a partir da dissonância cognitiva: ao se identificar com o seu time, a pessoa diminui o valor agregado a si mesmo quando este perde (e vice e versa), vindo assim a representar a utilidade dos parceiros mais atraentes como mais elevada (até aí, sem surpresas). A parte interessante é que, em relação aos parceiros menos valorizados, a diminuição do v.e. a si mesmo alinha a autoimagem àquela implicitamente concebida como mais adequada ao grupo, o que então passa a funcionar como um indício de troca potencialmente equânime e, portanto, com grande potencial de ser bem sucedida.

    alvaro

    10/05/2010 at 5:42 AM


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